domingo



décimo quinto dia,
do segundo
mês do ano!

prepare
sua
fantasia...





INCONFORMES:


é uma indústria, o carnaval?!
todos sabemos que sim,
mas isso não implica em não.
dizer não é muito mais complicado do que podemos imaginar...
o efeito borboleta que isso pode causar,
ainda mais no bicentenário de darwin,
pode vir a ser o fim do folião!
não faço a menor idéia em quê
podemos nos mutar
sem essa alegria verdadeira!
não tô falando de blocos,
cordas, camarotes e trios...
e toda a mentira que há por trás de tudo.



tô falando de algo maior,
algo intrínseco e real
que nasce na alma,
essa coisa tatuada na carne
que mobiliza o baiano a continuar,
mesmo no significado do quê é sentido
na despopularização da sua festa!
mas é isso que me apraz nessa terra:
nada, mas nada mesmo, nos derruba:
pq somos bravos, pq somos fortes
pq somos filhos desse sol,
dessa água e
desse azul...
esse prazer,
essa alegria,
ninguém mascara.












vivamos a festa!


sexta-feira







trigésimo dia,
do primeiro
mês do ano!












o sol come a cidade...






INCONFORMES

parece-me que tudo
se tornou laranja!






estou tendo alucinações incríveis...













o calor é algo investigativo para percebermos até onde vai nosso limite.

eu sei que o verão é sempre assim,
mas também sei que algo está mudado...
que algo está mudando o tempo todo.
o sol tem esse poder de nos anestesiar e redimensionar nosso fogo.
eu nada sei.
só me lembro de um amigo dizendo:

nossa alma é feita de hidrogênio,
quando se morre,
se é sugado pelo sol.

o sol é hidrogênio puro, daí, ele projeta seus raios, feito de nossas almas, e nos alimenta...
é uma teoria bastante interessante
e sobretudo, poética.








afinal, se bem me lembro, o hidrogênio
é o número um na tabela periódica!
saúde!








segunda-feira


dois
mil
e
nove:
quase
final
de
década!

o
tempo
sobre
nós...

pobres
mortais!

domingo






vigésimo primeiro dia,
do décimo segundo
mês do ano!






já é verão:


império
do
desejo
e
da
volúpia...














INCONFORMES:

FÉRIAS



E



FESTAS













quarta-feira



décimo sétimo dia,
do décimo segundo mês
do ano!







perdas
e
ganhos!




INCONFORMES

lá e vem o fim de ano e as nossas
hipócritas reflexões de balança!
sempre àquela idéia de ciclo,
de recomeço,
de renovação,
de et-cetera...
até chegar o dia dois de janeiro
e a gente entrar na engrenagem,
no ritmo, nos feriados e na desesperança
de que nada vai ser diferente,
tudo vai ser igual!
e será.
sempre será.
depois esquecemos de tudo isso,
pela rotina que nos consome

letargicamente, pelo tempo
que contamos ao contrário,
como uma fórmula de subtração.
nunca é mais,
sempre é menos.
na nossa ansiedade,
só tentamos retardar o tempo
e quanto mais se pensa nisso,
mais cruel ele o é!

a vida é absorção e soma.




a vida só pode ser o agora.



o futuro,
é o natal
e ano novo
do ano
que vem!
viva!












domingo

décimo quarto dia,
do décimo segundo
mês do ano!

minha mente de criança,
matou qualquer esperança!



INCONFORMES


depois de tudo... nada.
uma sem graceza insistente de luzes coloridas
e repetidamente-enfadonha-todo-ano-igual.
acho que as árvores se incomodam
com as luzes encalacradas nos seus troncos.
mas que diferença faz: as árvores pra gente se preocupar são as da amazônia, essas sim, são de verdade: selvagens e naturais.
o resto são enfeites pra cidade grande.
nosso mecanismo de defesa é a inteligência, é uma coisa intrínseca e não algo excepcional, um prêmio pra gente se sentir melhor...
bem como os animais têm lá
a intuição e o instinto.
e a natureza humana, então?
foi criada pelo humano:
não consigo imaginar um homem das cavernas

preocupado com o que ele "falou",
balbuciou, com um amigo na noite anterior,
enquanto curtiam uma fogueira!
isso é uma coisa de criança que não tem cura.

nem todo palhaço é engraçado!






essa é a chatice da vida:
o paraíso sem poder comer a maçã.
mas a gente come
e que se fodam as regras.
nem palavrões pode-se dizer.
agora eu pergunto:
não se pode dizer pra quem?
eu digo pra quem eu quiser
e pra quem eu não quiser tb
pq acho tão imbecil a idéia de quê uma combinação
de palavras pode ofender alguém.



é pq esse alguém é muito fraco, então,
pra essa sujeição toda!
mas, enfim, nada muda:
nada e é deus,
nada e é deus.

quinta-feira


décimo primeiro dia,
do décimo segundo mês
do ano!


matar
o
ego
para
quê?!


INCONFORMES

a questão é que não há escolha.
se coloca uma pedra em cima das coisas
e, assim, se resolve o problema.
mas fica solta uma dúvida
a ser partilhada :
no calor dos fatos,
até onde se entojou,
na escala de pensamentos,

quem era quem?



o que queríamos nós,
que, em tão pouco tempo,
se esgotou para sempre,
medrou-se o término...
e todo deslumbramento
da carne viva da poesia,
virou ferimento
de grave ferida aberta...
não sei.
não me interessa mais a pedra afundando na água e causando àquela comunicação por todo o lago...
a pedra funda e, para sempre solta,
finda no último grito.
e tudo continua em vingado silêncio,
desmanchando a herança, na proposital ruína do patrimônio.


onde é que estava escrito tudo isso:
o frescor virando frescura,
o fervor virando fervura.